domingo

Los Abrazos Rotos


Acabo de me dar conta de que nunca escrevi nada sobre Almodóvar por aqui.

Acabei de assistir Los Abrazos Rotos e escolhi ele para preencher esta lacuna.

Belíssimo é a primeira coisa que me vem à cabeça. Depois penso em ternura, paixão, carinho, ciúmes, cumplicidade, talento, justiça.

O roteiro é muito bem elaborado. Dessa vez ele descreve com doçura a alma do homem (e hetero) pela pele de Mateo Blanco, ou Harry Caine, nome que passa a adotar depois do acidente.

Na verdade, não quero falar muito sobre ele porque acabei de assitir e ainda não consigo traduzir minhas emoções.

Digo que Blanca Portillo está estupenda, assim como o próprio lluis Omar. Digo que Penélope Cruz, que na minha opinião desta vez perde para Blanca Portillo, traduz toda a ternura de sua personagem e que a fotografia é belíssima, e não estou falando do habitual supercolorido. E digo também que Tamar Novas, além de ótimo ator é um colírio para os olhos que deixa qualquer Moura Brasil no chinelo.


e digo mais: a trilha obviamente é de Alberto Iglesias e desta vez me surpreendeu com uma canção da Cat Power trilhando uma cena belíssima. Arrasou, Alberto!

O filme que acontece dentro do filme é praticamente um pupurrí de todos os filmes do Almodóvar. Mostram pouquíssimas cenas, mas é como se fosse uma auto caricatura feita por ele próprio.

Pra fechar, tenho que dizer que a cena em que Mateo toca a TV para ver ao seu modo a cena do último beijo é de uma sensibilidade que somente Almodóvar pode ter.

Obrigada ao fofíssimo Maicon por me emprestar o DVD, já que eu estava praticamente me traindo por não ter assistido até agora.

Alta Fidelidade

Pense nas 5 coisas preferidas das sua vida.

Você seria mesmo capaz de classificar tudo em TOP 5? As músicas, os filmes, as pessoas, as situações...

Pois é. Assisti Alta Fidelidade na época em que o filme foi lançado e esse assunto voltou à tona recentemente. A trilha eu não tinha, tinha apenas a versão fodástica de Let's Get It On com o Jack Black, que a Tati me passou um tempo atrás, e que agracia o filme em determinada parte. Agora ouvi a trilha completa. Animal.

Tão delícia a trilha que logo me deu vontade de ver o filme outra vez e aí assisti e foi delícia completa.

Aí comecei a ler o livro que originou o filme.

Não teve jeito, só faltava blogar. E ca estamos.

John Cusack está ótemo no papel de Rob, dono de uma loja de discos e que cultiva o hábito de classificar tudo em TOP 5. Tarefa difícil essa, na verdade. Costumava jogar as coisas no meu TOP 10, até porque a vida é repleta de coisas boas que vão nos atropelando pelo caminho. Reduzir tudo isso pra 5 fica difícil.

É um filme muito bacana, adoro o fato de ter e falar de música o tempo todo, afinal, boa parte dele se passa na loja de discos. Também adoro como o filme se passa, em forma de narrativa do personagem principal, igualzinho ao livro. É tudo muito bom.

Adoro como Rob pensa sobre as coisas, adoro o jeito como o ciúme se manifesta nele, adoro o apartamento dele, como abordam a crise da meia idade, os diálogos com os clientes da loja, a cena do tal do Ian indo lá na loja falar com ele me fez rir litros, as piadas inteligentes. Tipo, é tudo muito, muito bom.

Sabe uma curiosidade legal? O próprio John Cusack participa da elaboração do roteiro.

E a trilha, ah! my friend, a trilha é demais, neh. É praticamente mais um personagem do filme. E foi escolhida a dedo pelo Carter Burwell e pelo Howard Shore. os dois são meus tesourinhos e por isso não me surpreendi quando descobri que os créditos para Alta Fidelidade iriam pra eles. Carter Burwell foi quem trilhou todos os filmes dos Cohen (falei dele em Um Homem Sério) e Howard Shore trilhou O Aviador (ainda preciso comentar essa trilha, é muito foda), O Silêncio dos Inocentes, Dogma, Seven.


Já sabe: veja, ouça e me conta o que achou.

Ps. Adoro o cartaz do filme.





Up in the Air ou (Minha Vida Entre parênteses)

Pois é minha gente, olha a situação desse cara: o emprego dele é viajar o mundo pra demitir pessoas. Sim, isso mesmo. Ele faz o trabalho sujo. Vai de empresa a empresa mundo afora pra fazer o que a maioria dos chefes não tem muito estômago pra fazer.

Lembrei da primeira demissão que precisei fazer: não concordava com o motivo dela e pior, a pessoa era próxima a mim. Ela ficou mal, chorou, eu chorei, nos abraçamos.

Infelizmente agora aprendi como fazer e não me envolver demais.

Mas o emprego do cara tem um lado que me atrai. Essa coisa de não parar em lugar nenhum, de viver por aí, sempre me passa pela cabeça. No fundo eu sei bem o que é isso; como para o personagem do filme, não passa de uma fuga.

Esse filme surgiu de um livro, coisa que tem me atraído muito recentemente. Fuçando num sebo, dia desses, achei o comprei O Leitor e Correndo com Tesouras. Já tinha ganhado o Alta Fidelidade (presente perspicaz, inclusive), o que me despertou para o assunto. Acho que começa aí uma boa coleção: a de livros que deram origem a filmes. Junto, então, três grandes paixões: músicas, livros e filmes.

Me identifiquei com diversas situações do filme. Essa coisa de desacreditar no casamento, em ter filhos, cachorro e tudo isso já foi uma das minhas convicções. Hoje penso diferente. Em todos os sentidos. Acredito no casamento, filhos, mas não desse jeito quadradinho. Até porque estou looonge de ser uma pessoa quadrada. Tudo na minha vida é fora do padrão.

Mas o que me pegou mesmo é quando ele percebe que encontrou sua cara metade e bate à sua porta. E dá de frente com uma realidade totalmente frustrante. Quando ela diz que ele é um parênteses em sua vida, cara... há tempos não me sentia tão sozinha. Eu, que já fui Helena encaixotada, na minha atual situação às vezes me pego entrando no caixote novamente. Foda.

Mas voltemos.

Ultimamente tenho feito algo bem diferente. Estou ouvindo os filmes antes de assisti-los. Baixei uma tonelada de soundtracks e ouvi todas cuidadosamente pra depois ver os filmes. Divertido isso. Havia feito uma vez e me decepcionei, por isso estava arisca pra tentar novamente. Um tempo atrás baixei sem querer a trilha de um filme chamado The Last Kiss. É um score. Uma das minhas OSTs preferidas da minha ampla coleção. É demais, encantadora, ouvia sem parar. Aí assiti o filme e achei ele péssimo! Mas dessa vez foi diferente. Estou adorando cada um.

Com Up in The Air foi assim: comecei a ver o filme e logo de cara curti o som e pus a trilha pra baixar. Mas dormi antes que o filme engrenasse, só que a trilha já tava na mão. Passei uma semana ouvindo e adorando cada música. Só depois vi o filme e adorei também, apesar das sensações que descrevi.

Não posso deixar de comentar que Up In The Air (ou Amor Sem Escalas, como foi traduzido) é do Jason Reitman, que dirigiu Juno também.

A trilha, que foi impecavelmente selecionada por Rolfe Kent, que trilhou Sideways e a abertura da série Dexter. Não preciso falar mais nada, né? Mas digo que tem Sharon Jones, Grahan Nash, Elliot Smith, Roy Buchanan, duas composições do próprio Rolfe e outras cositas mais que vão agraciar seus ouvidos. Muito, muito boa.

Então ta. Um beijo.






segunda-feira

Comer, Rezar, Amar





" Às vezes, perder o equilíbrio por amor faz parte de viver a vida em equilíbrio"

Passei um tempo querendo e não querendo ler esse livro porque tenho um certo preconceito com best sellers.

Aí o Neto viu o filme, se encantou e disse que eu tinha porque tinha que ver. Como eu confio em seu bom gosto e ele tem se tornado alguém capaz de me me entender muito bem, resolvi pular o livro e ir direto ao filme.

Ah, mas que putaqueopariu! Ri, chorei, me identifiquei demaaaaais da conta!

E tem mais. né: dirigido pelo Ryan Murphy, do Correndo Com Tesouras e com uma trilha encantadora.

Pra começar que o Eddie Vedder compôs uma música linda de viver especialmente pro filme e gravou outra com ninguém menos que Nusrat Fateh Ali Khan. Tipo, demais.

Na trilha também tem duas belíssimas do Neil Young, tem Marvin Gaye, Josh Rousie, Bebel e João Gilberto, Sly ans The Family Stone, Gato Barbieri, Dario Marianelli, Michael Tyabji. Você vai se apaixonar.

Acho também que a Julia Roberts nunca esteve tão bonita.

Mas olha só, não é apenas mais um filme de menina, sabe?

É um filme de paixão. De entrega. De autoconhecimento. De amor.

É que eu tenho a cabeça no lugar e nenhum tostão no bolso, senão já teria pego uma mochila e saído por aí. Isso vai acontecer, mas não agora.

Acho que a minha palavra de ordem de uns tempos pra cá tem sido CORAGEM.

Coragem pra tomar grandes decisões, coragem pra falar sobre meus sentimentos abertamente, coragem pra me meter em situações que eu não sei onde vão me levar, coragem pra entrar num jogo pra ganhar, coragem pra fazer coisas ainda não feitas, coragem pra viver perigosamente, coragem pra reconhecer erros, coragem pra buscar quem eu sou.

E essa busca, acho que essa busca por si próprio é natural do ser humano. Porque a gente se perde com muita facilidade.

Sei bem como é essa coisa dela se ver no relacionamento perfeito, o marido perfeito, e não ter mais forças pra deitar na própria cama. Porque ela se desencontrou em algum momento. depois ela encontra um cara supimpa, que mostra outro mundo pra ela, faz ela olhar pra dentro de si. E acho que era essa a única missão dele na vida dela. Porque mexeu tanto que ela não poderia mais continuar com ele. Porque ainda não se achara. Tinha que continuar procurando.

E assim que ela se encontra, finalmente encontra seu grande amor e olha só: pensa que ainda não está pronta para o amor. Porque não aceitou o amor por si própria. Coisa louca isso.

É que falar é fácil, né? Viver é que é foda.

Eu tava falando hoje do quanto eu sou movida por paixões. Se não fosse apaixonada pela vida, por gente, por mim mesma, seria tudo tão mais difícil.

E quando encontro alguém apaixonante eu me jogo mesmo justamente por conta do que tava falando outro dia por aqui, tipo, e se hoje for o último dia da minha vida?

Mas é que às vezes a paixão dói um tanto no coração. Olha que engraçado, eu que nunca fui de sentir ciúmes, desses danados de ruim mesmo, senti uma pontada aguda dele hoje mesmo. E me espantei com isso. Que será que tava me acontecendo? Fiquei de cara comigo mesma, uma sensação um tanto incômoda. Passei a mão num cigarro que alguém esqueceu aqui ontem, peguei no isqueiro mas não acendi (boa, to conseguindo resistir bravamente!). Aí pensei: que que o Caligaris fala mesmo sobre o ciúmes? Fui lá no twitter do cara e dou com essa frase: "Alguns não aceitam que, na vida do outro, um desejo qualquer se manifeste. Preferem amar cadáveres". E, na sequência, essa: "Alguns se preocupam em marcar o território e, com isso, se esquecem de percorrê-lo e apreciá-lo". Depois mais essa: "Muitos esperam ter razões para ser ciumentos. Só conseguem amar e desejar na insegurança, na suspeita de estar sendo traídos" e por fim: "Poucos amam a liberdade total de seu parceiro ou parceira. Paradoxo: quando isso é recíproco, a fidelidade é tb total".

Valeu, Contardus. Um passar de olhos por poucas frases e já pude voltar ao normal. E pro meu normal, viver é se permitir e permitir que o outro se permita. Aí, pra fechar, vem o Raul:"Amor só dura em liberdade".

Assim, não posso me deixar levar pela tristeza. Não mesmo. Quando ela vem, eu deixo ela ficar um tiquinho, mas o suficiente pra eu lembrar do quanto o oposto é bem melhor.


Por que eu to falando disso? Porque é isso que acontece quando vejo filmes. As coisas saem de dentro de mim e eu preciso lidar com elas. A arte me emociona ao ponto de revirar minha casinha, sabe?

E a personagem desse filme lindo, em dados momentos, serviu-me de espelho e só alimentou ainda mais minha expectativa de sair por aí, em busca de não sei o que, em busca talvez de mim mesma. Mas pensando nisso, penso em outra coisa: será que essa necessidade quer dizer que não estou feliz? Mas me sinto tão feliz. Acho que no fundo me sinto é um tanto frustrada por estar sozinha. Mas não era o que eu queria? era, até pensar que poderia não estar e isso seria um máximo. Mas não dá pra ser do jeito que eu quero. Seria eu, então, uma egoista? Me rendendo às necessidades do meu próprio ego? Oras, mas é errado então querer que as coisas dêem certo?

Espero que esse vômito me sirva de alguma coisa, espero que eu possa ler esse texto amanhã e depois e depois e já ter pelo menos metade dessas idéias mais claras na minha cabeça. Porque hoje, nesse exato momento, eu vivo na corda bamba da dúvida e da insegurança. Talvez o que me aflija seja justamente não ter o controle da situação. Talvez seja mais fácil encarar isso como mais um teste de paciência e auto confiança. Vou encarar assim! Já deu um certo alívio... Visto que hoje já comi e rezei, já tenho planos interessantes para os próximos dias. = ]








Mary & Max


Então, primeiro eu tenho que agradecer a Rosana Campos Prado Morel Bertolini pela dica incrível. É que desde criança a gente pira em animações de massinha e logo que ela assistiu ela veio me contar e ficavba perguntando: já viu Mary and Max? Já viu Mary and Max?

Rô, vi ontem e me apaixonei!

Adoro quando as pessoas assistem algum filme ou coisa do tipo e vêm me falar pra ver porque eu vou amar, porque é a minha cara e tal. Aí mostram o trailer, falam da trilha, que eu tenho que ver por tudo que é mais sagrado. Porque eu crio uma expectativa que eu adoro, aquela coisa de ficar olhando no utorrent pra ver quantos % faltam pra eu assistir, vou lá comprar pipoca e tal.

Enfim, bora lá.

Mary and Max é uma animação feita prinecipalmente com massinha que inunda o olhar pelos detalhes e cores. Todo em sépia e PB, que eu amo, ele é todo redondinho: também pelas formas, claro, mas quero dizer que é 10 em tudo: no enredo, nos personagens, na trilha, na galera que dublou, tudo. (pode por dois pontos duas vezes na mesma frase? como eu acho que pode tudo e nunca reviso os textos deste blog, foda-se).

Então, vamos por partes.

Mary é uma garotinha australiana de oito anos sem amigos, sem carinho, com a auto estima quase zero, sem a presença dos pais (estão lá mas estão sempre ausentes: a mãe uma alcóolatra estúpida, o pai um funcionário de linha de produção frustrado e deprimido). Como não tem amigos (além do galo, claro) mas tem uma mente incrivelmente criativa e astuta e precisa dividir com alguém o que se passa nessa cabecinha, com a desculpa de querer saber de onde vêm os bebê do outro lado do mundo, resolve escrever para Max (encontrado aleatoriamente numa lista telefônica) e começa uma longa amizade platônica.

Max é um judeu não ortodoxo norte americano, obeso, sem amigos (além dos peixinhos dourados, claro) e com Síndrome de Asperger, que é uma coisa tipo um autismo/sociopatia/bipolaridade (falando toscamente) que justifica seu comportamento que varia entre essas três coisas.

Quem dubla os personagens principais são Phillip Seymour Hoffman e Tony Collette, que eu já amo por princípio e dão o tom exato de emoção aos personagens. Muitas palmas e manifestações ululantes pra eles, por favor.

Está longe de ser uma animação bobinha pra crianças sobre amigos de lugares distintos no mundo que passa a vida a compartilhar suas desventuras através de cartas.

O jeito como eles abordam questões como o sexo, o alcoolismo, a confiança, as doenças mentais, o suicídio, a superação, a exclusão, a indiferença, a religiosidade,os relacionamentos é pra rir e chorar sem ficar pesado ou chato, falando de coisas que permeiam o mundo dos adultos e das crianças pelo ponto de vista dos personagens, claro, mas que facilmente nos coloca no lugar deles e certamente toca a cada um de nós de alguma forma.

A trilha, que na verdade é um score de melodias belíssimas é de um cara chamado Dale Cornelius e caiu como uma luva bem macia em cada uma das cenas. Acho que desenhos e animações com trilha instrumental rica em pianos é sempre incrível e emocionante.

Não conhecia o Dale Cornelius até Mary and Max nem achei ainda a OST pra baixar, mas tem esse site dele, bacaninha, onde dá pra curtir suas composições e pesquisar mais.



Então, lenço de papel ninóis, porque o que seria de nós, humanos, se não fosse essa incrível capacidade de nos emocionarmos? Certamente seríamos menos humanos. E o pulso ainda pulsa.





domingo

Boogie Nights




Ow, sério mesmo, esse filme é demais!!

Retrata a indústria pornô dos anos 70 aos 80 naquela fase em em que os atores eram verdadeiras celebridades bigodudas.

O cineasta Jack Horner, interpretado bravamente por Burt Reynolds (se não me engano até levou um Oscar por isso) conhece um jovem sedutor dotado de um imenso e lindo pau, que causa frisson pelo seu desempenho em frente as câmeras e vê seu negócio deslanchar absurdamente.

O filme é embalado pela melhor seleção de Disco Music que eu já ouvi (ok, deve ficar pau a pau com a de Superbad, uma hora escrevo sobre essa também) e isso é tudo o que eu tenho pra falar sobre a trilha, que me deixou no maior comichão de organizar uma festa ou pelo menos duas horas de discotecagem disco em algum lugar sem ter que me preocupar em montar playlist - é só dar play.

É incrível porque o filme mostra cenas das gravações dos pornôs, tipo, mostra gente trepando o tempo todo, muuuito hedonismo, sem mostrar nada além de peitos e bundas (claro que eu fiquei de cara quando mostraram o bem aventurado pau do Eddie Dirk Diggler - esse nome é sensacional - porque eu achei que não aconteceria).

Tem muuuuuito pó passando pelo nariz de todo mundo, a decadência que vem de brinde, tem a xuxuzíssima Rollergirl que não tira seus patins nem pra trepar, um figurino estupendo e tem ela, a estonteante Julianne Moore (já falei do quanto eu amo essa mulher, né?) ahazando na interpretação, principalmente numa cena em que passa horas num quarto cheirando e falando e pirando com a Rollergirl e te faz pensar que não é possível, ela deve ter cheirado de verdade pra fazer aquela cena ou então fez um laborátório e tanto e real pra construir sua personagem. Por que as ruivas têm que ser tão maravilhosas?

Ó, é de 2007, muitos já devem ter visto, mas quem não viu tem que ver. Questão de honra.





THE BIG LEBOWSKI



Tem tanto tempo que eu quero falar dessa OST, mas sabe como eu, meu drama com os Coem: a dificuldade de falar de coisas nonsense sem parecer punheta intelectual, mas tenho ouvido tanto e falado tanto desse filme ultimamente (pessoas em comum asistindo, gravei pra uma pá de gente e virou assunto de novo) que acho que agora vai ser mais fácil.

Pra começar que o Dude é aquele anti-herói que acaba virando seu herói justamente por isso. O cara é o MAIS figura. O cara não faz mais nada da vida a não ser curtí-la à sua maneira: jogando boliche com seus amigos igualmente figuras (o esquentadinho traumático de guerra Walter me fez rolar de rir inúmeras vezes), fumando um quando e onde quer que seja, curtindo seu apê com banhos de banheira à luz de velas e tomando uma birita.

Só que o cara se fode quando descobre que um homônimo seu é um baita de truqueiro, envolvido em mil tretas e sangue ruim pra caralho. Aí ele se envolve numa onde de sequestros, subornos, mulheres, polícia, pancadaria, alucinações e por aí vai.

É divertidíssimo como eles criam as cenas de quando dude leva um coro ou chapa a cuca de alguma coisa. Ele sempre entra numa piração de que tá voando em cenários psicodélicos, mil mulheres, um barato. Bem a cabeça viajandona dele mesmo.

E o som, dude, o som é demais. Tem o som que o próprio Dude ouve, tipo Creedance, Bob Dylan (The Man in Me, que abre o filme), essa coisa toda hippie que é ducaralho. Tem a cena do escroto do Jesus no boliche e sua dancinha formidável ao som da melhor versão de Hotel California que é a transloucada dos Gipsy Kings (vai o vídeo aí embaixo pra dar aquela vontade de assitir o filme todo), a maravilhosa Dead Flower ultra country e que eu adorei com Townes Van Zandt, tem uma ótima do Elvis Costelo. As instrumentais também são muito boas, tipo Stamping Ground, tem minha indiscutível Nina Simone e as transloucadas Ataypura (Yma Sumac, tá ligado?) e Meredith Monk gemendo gostoso em Walking Song. Tipo, tem de um tudo.

Vai lá e depois me conta.



Running with Scissors


Então, é que seria trágico se não fosse cômico.

Além da trilha sonora espetacular, que já comento, Correndo Com Tesouras é um dos filmes mais bacanas que eu já assisti.

Bem do jeito que eu gosto: famílias excêntricas, pessoas confusas, dramas homossexuais, disco music, gente completamente louca, psiquiatras insanos, drogas, anos 70, confusão... um prato cheio pra mim.

Quando eu disse que seria trágico se não fosse cômico é porque não se trata de uma comédia, como muitos críticos disseram na época. É um puta drama do caralho.

Estamos falando de um garoto cujos pais abandonaram no seio da família mais excêntrica da face da terra, os Fich. Foi assim, o pai alcoólatra, lindamente interpretado por Alec Baldwin, não sabe mais com lidar com sua alucinada esposa (juro, eu daria todos os prêmios de interpretação para Annette Bening), poetisa sem um único livro publicado que fez de seu filhouma criança fora do normal (não, não vamos discutir o que é normal senão não vou parar de escrever nunca mais em toda a minha vida). Ela pira e vai fazer terapia com Dr. Finch, psicólogo típico de uma geração de psicólogos surgidos nessa época: mente abertíssima pra tudo o que for possível, abraça todas as terapias mais subversivas, louco de pedra e que mantém uma família absurda composta também por filhos de pacientes que precisaram ser internados.

É nessa onda que Augusten vai parar na casa dos Finch, completamente abandonado pela mã que já não pode mais falar por si pois já vive em seu universo particular dominado hora pela bipolaridade ora pela paulada que é o efeito dos fortíssimos medicamentos ministrados pelo Dr. Fich, das quais ela se torna totalmente dependente (aquelas coisas da época tipo Valium, saca?).

E Augusten é um cara demais, com uma mente incrível e mesmo sofrendo lida de uma forma belíssima com toda a situação pra lá de alucinante.

Beleza.

Agora a trilha.

Chamar essa trilha de sensacional é fazer pouco caso dela. O lance todo começa em 1971 e beira os 80's. A trilha reflete todo um comportamento não só daquela geração mas dos próprios personagens. Tem uma cena ótema do Auguste com a "irmã"sádica arregaçando o teto da cozinha meio que pra contestar a total liberdade que permeia a educação que o "pai " Finch quer dar à eles ao som de uma das músicas que eu mais gosto no mundo que é Year of The Cat do All Stewart, tem average White band com uma das disco music mais delícia pra dançar depois do almoço Pic Up The Pieces, tem Elton John com sua formidável Bennie And The Jets, tem a gracinha-demais Catherine Feeny com Mr. Blue e por aí vai (listei minhas preferidas mas tem muita coisa bacana).

E é isso aí. Quer uma dica? Sizoga. Filmão, trilha idem. APOSTO que você não vai se arrepender.

Beijomescreve.